Diana Domingues - Biografia
Hoje (25/03/10) as 10:00hs, no auditório da Faculdade de artes visuais da UFG estaremos presente na Palestra ministrada por Diana Domingues, doutorada em comunicação e semiótica pela PUC/SP.
Biografia Diana Galicchio Domingues:
É professora titular do Departamento de Artes da Universidade de Caxias do Sul. Na direção do grupo de pesquisa Novas Tecnologias nas Artes Visuais, desenvolve a pesquisa Arte, Tecnologia e Comunicação: Poéticas, Nós e Interações, em ação que integra as áreas de artes, informática e automação industrial. Doutorada em comunicação e semiótica pela PUC/SP, com mestrado em artes pela ECA/USP. Artista multimídia, explora a criação com recursos computacionais e multimídia, com tratamento e geração de imagens, instalações interativas com dispositivos de aquisição e comunicação de dados em ambientes sensoriados, redes neurais, entre outros sistemas. Participa de importantes eventos internacionais (Isea, Artmedia, Ars Electronica, etc.). Em 1995, organizou, no Memorial da América Latina e no MAC/USP, a importante conferência-evento Arte no Século XXI: a Humanização das Tecnologias.
Diana Domingues foi originalmente uma gravurista, mas o seu trabalho, muito rapidamente, tomou direções imprevisíveis. A partir de 1977, ela passa a trabalhar com tecnologias eletrônicas (inicialmente com vídeo, videotexto e computador) e sua obra se orienta principalmente para a migração das formas de um suporte a outro, ou seja, para o que acontece com as imagens quando elas são passadas de fotografia a vídeo, de vídeo a imagem digital e dessas formas novamente à fotografia. De um suporte a outro, as figuras exploradas por Domingues estão em mutação permanente, resultando escorregadias, ruidosas, liquedescentes, e suas origens são cada vez mais difíceis de recompor. Uma súmula desse primeiro momento da artista está na exposição Connexio, apresentada no MAC/USP e no evento Artmedia III, em Salerno, Itália.
A partir dos anos 90, porém, sua obra dá um grande salto com a exploração de temas e processos ligados à biologia e à medicina. Aproveitando o fato de conviver numa família de médicos (marido e filhas), Domingues descobriu primeiramente um imenso potencial estético nos dispositivos de visualização do interior do corpo (ecografias, termografias, raios X, ressonância magnética, tomografias computadorizadas, etc.) e, em seguida, abriu a sua obra para a discussão das mudanças profundas que estão ocorrendo hoje no próprio conceito de vida. Assim é que, já em 1994, ela inicia um série de instalações interativas - reunidas depois sob o nome de O Corpo e as Tecnologias -, todas elas centradas nas relações intrincadas e problemáticas que estão hoje se passando entre o corpo humano e as novas tecnologias. Essas instalações foram apresentadas em várias galerias e museus do Brasil. Nelas, ecografias de fetos e tomografias computadorizadas do coração convivem com livros e vídeos de medicina e demais objetos indicadores do ambiente médico, enquanto a instalação inteira se desenvolve conforme o movimento dos visitantes, captados por sensores distribuídos pela sala. Da mesma forma, em Enigmas da Pedra (1997), apresentada no Itaú Cultural, por ocasião do evento Arte e Tecnologia, a imagem de uma pedra com inscrições rupestres, projetada num telão, também se altera de acordo com o movimento dos visitantes no ambiente da instalação, captado por sensores colocados num tapete. A instalação é sempre imprevisível: dependendo de quantas pessoas existem, de como se movimentam e do que fazem elas no ambiente, uma série de imagens diferentes é exibida no telão. Em In Viscera (1995), instalação exibida originalmente na Galeria de Artes da Universidade Federal Fluminense, Niterói, videolaparoscopias tratadas eletronicamente são projetadas em cinco telas transparentes. As imagens foram gravadas por uma microcâmera durante uma cirurgia. A instalação simula o percurso no interior de um corpo em funcionamento. Há um microfone oculto na sala e, quando alguém fala perto dele, a voz é amplificada e reverberada em eco, criando aquilo que a própria artista chama de "escultura sonora efêmera". Em Our Heart (1997), ecografias do bater de um coração são projetadas em telas redondas transparentes. Uma interface sonora captura sons da freqüência cardíaca do visitante. Um software especialmente escrito para a instalação interpreta esses sons como alterações nos padrões das imagens, devolvendo ao visitante a sua própria pulsação cardíaca na forma de metamorfoses das imagens projetadas. Dessa forma, corpos biológicos e sintéticos dialogam.
A súmula do processo de Domingues está em sua obra mais importante, My Body, My Blood (1997), apresentada originalmente no 8th International Symposium on Electronic Art, Isea 97, em Chicago. Trata-se basicamente de um ambiente sensorizado no qual os corpos dos visitantes dialogam com dispositivos eletrônicos, produzindo metamorfoses nas imagens projetadas numa tela, nos sons de batidas de coração na pista sonora e no movimento de um líquido vermelho simulando sangue. A partir dessa obra, Domingues começa a utilizar algoritmos genéticos e de redes neurais para interpretar os movimentos humanos, logaritmos eles próprios também baseados em processos vivos e, portanto, mais adequados ao espírito da instalação.
Mais recentemente, Domingues iniciou uma experiência com telerrobótica que resultou no trabalho INSN(H)AK(R)ES (2000), em que um robô em forma de cobra, com a propriedade de controle remoto, é colocado no serpentário do Museu de Ciências Naturais da Universidade de Caxias do Sul. Uma microcâmera inserida no corpo da cobra permite que participantes situados em qualquer parte do globo, pela Web, compartilhem a visão do animal, e experimentem conviver com as cobras reais do serpentário.
Fonte: https://www.cibercultura.org.br/tikiwiki/tiki-index.php?page=Diana%20Domingues
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